Prosas
verdadeiro cruzado

vai-se a luz no outro lado dos vidros e estranhamente tudo parece mais claro. Começa um desfile claramente diferente aos olhos deste ou daquele. Os meus vêem todos os retalhos de ontem, do ontem antes desse, de ontens que ficaram esquecidos com o passar do sol, nada estranho.

Ontem não sabia se seria possível tocar o doce do desconhecido crónico, mas o desfile que as sombras trouxeram deixa na boca um amargo trave de quem já experimentou de perto a incerteza da alma. Ontem não sabia que forma tem o sonho mas tu vieste encarna.lo e mostrar.me que a possibilidade do exímio está ao alcance de um olhar.

E tal como apareceste, vindo do ar como a materialização de um caprixo concedido por alguma entidade superior, esfumaste.te diante de mim, roubando.me promessas de algodão doce. Uma brisa fugaz que soprou de mim a certeza de que existiria um lugar parado no tempo no qual eu me podia refugiar, que bastaria o cerco dos teus braços quentes e nada mais abalaria a confiança de que não eras apenas fruto desse caprixo.

Tu foste com o vento, tu voltaste com a brisa, entraste e saíste sem pedir licença. Desarranjaste e revolveste a complicada sala que invadiste e tornaste tua. Abriste a porta sem medo quando eu ainda não sabia se queria deixar.te entrar e fechaste.a violentamente quando te fartaste da tua conquista. Obrigaste.me a travar uma luta que não queria para mim, havia agora uma sala vazia que ecoava a cada passo em frente. Gravaste na porta o teu nome e nenhum outro conseguiu marca.la de novo. Mas isso são coisas que os olhos não vêem. O difícil está em querer ver e procurar. toma essa como a tua luta, que a minha esta em esquecer o sonho vivo que me tocou e abraçou em praias desertas, em jardins esquecidos.

 Tu és cruzado? Como eu gostava de trazer.te no meu colo e acalmar.te o espírito que luta com castelos de vento. Entre o teu ir e vir eu fico aqui, lutando sem opção, contra o vazio de um sonho quase perfeito e tão pouco concreto que assombra a minha essência. Porque essa é a verdade. És o fruto de um caprixo e sabes a inalcançável, és o belo e o sensato louco, és tudo o que eu espero e tanto que nem sonho. Tinhas a minha porta aberta e nem assim me deixaste uma fresta que acalmasse os meus demónios. Se hoje a brisa que te trás não e suficiente para voltar a abrir a porta, deixa a tua chave debaixo do tapete e deixa.me entrar. Tão simples. Para que tanta luta se bastava olhares os meus olhos e veres que tu és o reflexo do meu sorriso.

Nisto o sol volta a levar as sombras e tudo se desfaz. Um dia o sol vai trazer de volta o sorriso que eu amo. Hoje não (é cedo e ando esgotada de tanto “ir e vir”)

 
__eu__ @ 06-10-2007 2:58:48
Comentários
@ 06-10-2007 10:09:44
Citar   Impróprio?
«Já to disse, não te inquietes, eu estou a parte desse conjunto de principios formadores de corpos de doutrina. Venceste como sempre...»
Pág: 1 de 1Ant.   <<   < [ 1 ] >   >>   Seg.