Poemas
eu já nao tenho medo de me perder porque me encontrei

Olho para mim ali, tão perto do chão
Tão perto de fugir de mim.
Olho e não consigo encontrar-me
Esta multidão que se cruza comigo
Que me deforma, ali tão perto do chão
E me distorce de mim,
Não deixa caminho para mim, nem para ti.
Não deixa caminho para ninguém
Ninguém que queira ir sozinho,
Consigo mesmo, diferente.

Guarda-me de mim
Não quero ir
Não quero sentir-me longe de mim, diferente.
Levada pela multidão.

O sol desce finalmente.

Novamente tudo respira compassadamente
deixo os minutos fluir.
Já não há pressa, já está tudo a dormir
Já posso apanhar os pedaços de mim
E descansar, até amanhã.

Revitaliza-me agora, que não olha ninguém

Novamente tudo acorda num novo dia
Num novo igual.
Olho para mim, tão perto de mim
Mas tão perto de todos os que vão na multidão
Revitalizada.

Olha para mim, quero ir contigo
Quero ir com todos, mas comigo, igual a mim.
O sol desce e hoje já não estou tão deformada,
Nem tão cansada.

queres saber um segredo?
Constrói as tuas duas linhas
Deixa-os mover os pedaços de ti
Que estão logo ali.
A segunda linha passa a ser mais tu, fortalecida
E antes de tu, passa a ser tu e os outros que passam por ti.
O sol vai descer e não estarás tão diferente de ti
Não estás tão cansada.

Guarda-me de mim enquanto desenho a minha linha
Agora que tudo descansa novamente.
Não quero sentir-me longe de mim
Mas quando olho para mim, ali tão perto do chão
Sei que já posso descansar
Até amanhã.

2006.11.11

 
__eu__ @ 11-11-2006 16:05:22
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