importa-se de calar esse tamborilar irritante no meio do vazio que nos acolhe a todos? é que estou a tentar pensar. obrigada! já agora...importa-se de me dizer que dia é hoje? perdi.me do sentido do relógio enquanto pensava. agradeço imenso. só mais uma coisinha se não fosse pedir muito. seria excelente se me conseguisse trazer uma bússola. um gps servirá igualmente calculo eu, é que não sei onde larguei a minha inocência.
agora que penso nisso, enquanto me perturbava com a sua existência estava a pensar que a devo ter esquecido em algum banco de jardim. ou terá sido no autocarro? sabe, sou meio distraida. talvez devesse ter andado com ela pendurada ao pescoço com um cordel, assim estaria sempre perto do meu peito, a lembrar.me de como é bom olhar para as nuvens e ver as formas dos sonhos aparecer sem estar preocupada com a enxurrada da multidão ainda mais distraída que eu. disse.me que hoje era que dia? é que me parece que devo ter perdidos uns quantos enquanto estava distraída. já agora, sinceramente falando, não acha que já é tarde pois não? para ir à procura dela quero eu dizer...é que estive aqui a pensar e acho que antigamente gostava mesmo de rir e olhar para tudo como se fosse novidade. calculo que gostasse do inesperado ou assim. que lhe parece?
(procuro por uns olhos que me digam "vai olhar as nuvens novamente sem receio de ser atropelada", o tamborilar persistiu e a planta do café manteve-se inalterada, parada num tempo que não espera por ninguém. paguei o café e à saída, o único vestígio da minha presença ali, é o calor deixado no assento da cadeira que se irá desvanecer dentro de momentos, tal como quase todos os que por mim passam, dia após dia, a correr para lado nenhum. ouvidos despreparados para captar as verdades que cada um carrega sem que as consiga partilhar. mais uma conversa de café perdida)