Poemas
Propósito
Para quê ouvir

Se são tudo mentiras

Se são tudo mentiras

Para que as falo?



Ver, cheirar, sentir...

Viver é falsidade e falsiar

Liberdade: procurar o equilíbrio

Que nunca encontraremos



Os estúpidos tomam-na por garantida

Eles próprios são feitos de garantias,

Promessas, por isso é que são estúpidos

Que estupidez: verdade, respeito, justiça, liberdade

Conceitos podres de tanto usados, enganados, abusados, chupados, violados



Tento evitá-los

Denegrindo-os em mim

E denegrindo-me,

Pelo menos pra vocês,

Estúpidos.



Engraçado

Como é sempre podridão no topo,

Agora,

O topo é podrido?

Aparenta ser?

Os topistas são podridos?

Aparentam ser?

Gera podridão?

Aparenta gerar?

É difícil.

Por isso fico pela base

Como se fosse essa a razão

Comer, é essa a razão?

Pro cume?



Mesmo engraçado é

Que no final de contas

O que guia o ser humano

Que se fodam os românticos que não é o coração

Que se fodam os céticos que não é o cérebro

Não se fodam os que fodem que não é a pila

Mas sim um órgão humilde e desapoiado,

De nome estômago

Mas sobre esse não há poemas,

Sobre esse não se canta que não há rima

Demasiado verdadeiro pra ser verdade

Que toda a hora comem

Comem as horas, se for preciso

Comem o tempo, o espaço

Os famosos vampiros:

Comem tudo e não deixam nada

Sempre foi sobre comida

Não me queiram enganar

Por mais bugigangas que lhe ponham

Por mais histórias que nos contem

Pensar que todas as balelas

Começam e acabam

Por um pão.

Que o próprio Deus diz pra terem paciência

Que isto assim não pode ser.



Não vale a pena abrir a boca

Fora da hora de refeição

Só loucos, só nós

Só eu, agora, mais uma vez.
 
Diogo Curto @ 07-06-2020 19:20:59
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