Propósito
Para quê ouvir
Se são tudo mentiras
Se são tudo mentiras
Para que as falo?
Ver, cheirar, sentir...
Viver é falsidade e falsiar
Liberdade: procurar o equilíbrio
Que nunca encontraremos
Os estúpidos tomam-na por garantida
Eles próprios são feitos de garantias,
Promessas, por isso é que são estúpidos
Que estupidez: verdade, respeito, justiça, liberdade
Conceitos podres de tanto usados, enganados, abusados, chupados, violados
Tento evitá-los
Denegrindo-os em mim
E denegrindo-me,
Pelo menos pra vocês,
Estúpidos.
Engraçado
Como é sempre podridão no topo,
Agora,
O topo é podrido?
Aparenta ser?
Os topistas são podridos?
Aparentam ser?
Gera podridão?
Aparenta gerar?
É difícil.
Por isso fico pela base
Como se fosse essa a razão
Comer, é essa a razão?
Pro cume?
Mesmo engraçado é
Que no final de contas
O que guia o ser humano
Que se fodam os românticos que não é o coração
Que se fodam os céticos que não é o cérebro
Não se fodam os que fodem que não é a pila
Mas sim um órgão humilde e desapoiado,
De nome estômago
Mas sobre esse não há poemas,
Sobre esse não se canta que não há rima
Demasiado verdadeiro pra ser verdade
Que toda a hora comem
Comem as horas, se for preciso
Comem o tempo, o espaço
Os famosos vampiros:
Comem tudo e não deixam nada
Sempre foi sobre comida
Não me queiram enganar
Por mais bugigangas que lhe ponham
Por mais histórias que nos contem
Pensar que todas as balelas
Começam e acabam
Por um pão.
Que o próprio Deus diz pra terem paciência
Que isto assim não pode ser.
Não vale a pena abrir a boca
Fora da hora de refeição
Só loucos, só nós
Só eu, agora, mais uma vez.
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